Olá queridos! Desculpe a demora, quem me conhece sabe que infelizmente meu
avô veio a falecer, o velório foi em Piracicaba. Acabei ficando por lá um tempo
por isso sumi. Mil desculpas, porém era necessário. Como sempre eu falo muito,
vamos a resenha!
Filhos do Fim do Mundo é sem dúvida um marco para a
literatura brasileira, há um tempo já que a Leya com o selo “Fantasy – Casa da
Palavra” vem mudando o cenário por aqui, publicando livros de fantasia como
nunca antes foi visto. Desta vez o escolhido para nos levar a um passeio pelo
mundo da imaginação é Fabio Barreto. Para os que não viram, eu fiz uma resenha
sobre a apresentação desse livro, que é fantástica.
Bom, logo que o livro começa você já nota sua singularidade,
o livro não da nome aos personagens, existem muitas explicações para tal,
porém, eu enxergo isso também como uma ferramenta de aproximação, afinal se
eles não têm nome poderiam ser qualquer um. A história se passa sob a visão do
“O Repórter” que acabou de retornar para casa após ter feito uma matéria sobre
bunkers e pessoas que estavam se preparando para o “Fim do Mundo”. Ele
estava com sua esposa quando o telefone
toca e ele é chamado para uma missão única, voltar a campo e descobrir como
estão os bunkers pois todas as crianças do mundo que nasceram nos últimos 12
meses morreram. O Repórter inicia sua missão com muitos pesos, tentar salvar o
mundo, voltar para sua esposa que está grávida, proteger a sanidade das pessoas
que estão a ponto de se desesperar. Logo descobrem que não só as crianças estão
morrendo como as plantas e animais que estão nascendo também, tudo que tem
menos de 12 meses morre. Como se alimentar, como continuar?
Nessa geração "The Walking Dead" um livro que trata o "Fim do Mundo" sem zumbis já merece notoriedade, em seguida vemos uma história que nos inspira em 2 páginas, a história do autor, isso nos leva a querer devorar o livro. Você se pega imaginando saídas, imaginando o desfecho da trama, se imaginando no lugar das pessoas na história. É genial, uma obra de sci-fi brasileira digna de figurar em sua estante ao lado de qualquer gênio do gênero de igual para igual com qualquer autor internacional.
O enredo é envolvente, é uma leitura fácil, no bom sentido,
pois o livro flui, eu o li rapidamente. Para ser sincero o livro foi uma grande
surpresa, assim como a pessoa Fábio Barreto, que mostra muito do que ele é no
livro e nos detalhes da trama. Uma lição de como escrever, um aviso do que está
por vir e mais, um ídolo para se espelhar, para aqueles que buscam escrever,
que acreditam, eu garanto que ele será uma referencia pra você.
Minha visão sobre o livro. Ok, vamos deixar de lado toda a importância de ser um livro que explora um gênero menos convencional no Brasil, a originalidade, qualidade textual, tudo isso pode ser encontrado em " A cidade e as Serras" também, originalidade, qualidade e tudo mais, então, por que ler "Filhos do Fim do Mundo"?
Filhos do Fim do Mundo tem o singular dom de te colocar na pele das pessoas, de fazer em cada faceta de personagem você se ver, você refletir e aprender. Na iminência de um fim você se pega pensando em suas relações familiares e civis. Salvar o mundo, como corrigir erros governamentais, reagrupar pessoas, cuidar, dar abrigo... Tudo isso vira segundo plano quando você passa a pensar " Mas, se o mundo acabar eu deixei claro o quanto eu amei a minha mãe? Um pedido de desculpas de última hora resolveria? Quem eu não vejo a anos que eu posso nunca mais ver?" e disso, o horizonte se expande infinitamente e passa a perguntas tão atuais e arraigadas no tecido da sociedade atual que chegam a beirar o nível de questões existenciais. Como interagir com o coletivo sem internet e celular? Como controlar uma juventude que cada vez mais se espelha em coisas sem fundamento, que se ligam a ídolos que representam valores mesquinhos, que projetam uma apoteose para pessoas de carne e osso que a maioria das vezes não sabe o seu nome. Você descobre que sabe de centenas de coisas que estão erradas no mundo e que você não faz nada para mudar.
Em resumo, Filhos do Fim do Mundo poder ser um novo caminho, pode ser um divisor de águas em muitos sentidos, assumindo posturas e frentes diversas em nosso mercado, do sci-fi a consciência social, é a cara do novo público jovem que é preocupado, visionário, é pra você que não é acomodado e que sabe se colocar na pele dos outros.
Se você não é desses, bom, tá aí uma ótima oportunidade de apender a ser.
Filhos do Fim do Mundo tem o singular dom de te colocar na pele das pessoas, de fazer em cada faceta de personagem você se ver, você refletir e aprender. Na iminência de um fim você se pega pensando em suas relações familiares e civis. Salvar o mundo, como corrigir erros governamentais, reagrupar pessoas, cuidar, dar abrigo... Tudo isso vira segundo plano quando você passa a pensar " Mas, se o mundo acabar eu deixei claro o quanto eu amei a minha mãe? Um pedido de desculpas de última hora resolveria? Quem eu não vejo a anos que eu posso nunca mais ver?" e disso, o horizonte se expande infinitamente e passa a perguntas tão atuais e arraigadas no tecido da sociedade atual que chegam a beirar o nível de questões existenciais. Como interagir com o coletivo sem internet e celular? Como controlar uma juventude que cada vez mais se espelha em coisas sem fundamento, que se ligam a ídolos que representam valores mesquinhos, que projetam uma apoteose para pessoas de carne e osso que a maioria das vezes não sabe o seu nome. Você descobre que sabe de centenas de coisas que estão erradas no mundo e que você não faz nada para mudar.
Em resumo, Filhos do Fim do Mundo poder ser um novo caminho, pode ser um divisor de águas em muitos sentidos, assumindo posturas e frentes diversas em nosso mercado, do sci-fi a consciência social, é a cara do novo público jovem que é preocupado, visionário, é pra você que não é acomodado e que sabe se colocar na pele dos outros.
Se você não é desses, bom, tá aí uma ótima oportunidade de apender a ser.
Não posso dizer muito mais do que isso, ou seja... LEIA O LIVRO!
Ah, não acabou não, temos uma entrevista exclusiva pra
vocês, sim, a primeira entrevista do blog! E vamos a entrevista.
"Olhando de longe, como estou fazendo nesse momento, diria que falta aquele sentimento de orgulho que temos com o futebol ou com a música. Brasileiros defendem os jogadores e brigam quando alguém não gosta da música que ele gosta, mas quando chega na hora da literatura. Quem recomenda um livro nacional? Quem faz isso para um estrangeiro?" - Fábio Barreto
Boa tarde Fábio!!! Primeiro gostaria de agradecer por
escrever “Filhos do Fim do Mundo”,
sempre vejo os livros como uma companhia para todas as horas e tenho de
admitir, seu livro foi uma ÓTIMA companhia. Foi uma leitura fácil (no sentido
de fluir bem) e muito proveitosa. Ok vamos às perguntas.
O Refúgio Nerd - Não posso deixar de perguntar, podemos
esperar por uma continuação? Já há uma previsão para publicação?
Fábio Barreto - Há argumento para uma
segunda, e última parte. Mas não está nos planos. O desempenho ao longo dos
anos vai determinar a existência, ou não, de uma continuação.
O Refúgio Nerd - Uma das coisas que mais marcou no livro é
a forma que você usou para escrever, sem usar nomes próprios para os
personagens, como surgiu essa idéia?
Fábio Barreto - Essa história é muito
maior que cada um daqueles personagens ou do lugar onde eles nasceram. Ao dar
nome a um personagem, de forma verídica sem ficar inventando anagramas
bizarros, você liga aquele sujeito a um lugar. "Filhos" é a história
de todos nós e nossas reações são a chave, não nossa cidadania. O único jeito
de fazer isso era retirar os nomes. Adorei escrever assim. Foi difícil e
recompensador!
O Refúgio Nerd - Você é jornalista, o livro fala sobre um
repórter, o quanto de Fabio Barreto há no “O Repórter”?
Fábio Barreto - Bastante, rs. Minha
profissão não é muito bem tratada pelo cinema, é normalmente esquecida pela
literatura e ignorada pelas novas gerações, que, possivelmente, nos vêem como
sujeitos arcaicos ou versões pioradas de Clark Kent. Resolvi fazer justiça com
a profissão e, de quebra, aproveitar minha experiência de campo para criar algo
factual.
O Refúgio Nerd - Como foi o SEU 12/12/2012? Quando
acordou você respirou fundo e pensou um “Ufa”?
Fábio Barreto - Passei o "fim do
mundo maia" escrevendo, quase esqueci dele. Acordei e só fui lembrar que
tinha "passado" na hora do almoço. Dei um sorriso e foi isso. haha
O Refúgio Nerd - Vivemos um momento diferente em nosso
país, sei que está longe mas, deve ter uma idéia de como anda nosso mercado,
francamente vivemos uma época única para escritores infanto-juvenis, de terror
à sci-fi, de fantasia à romances. Temos Spohr, André Vianco, Raphael Draccon,
Carolina Munhóz, você. O que acha dessa mudança de mercado? O povo brasileiro
está mudando sua visão literária ou as editoras que acharam um novo nicho de
trabalho e seria este o fato que irá mudar a procura por esse estilo?
Fábio Barreto - A demanda por essa
literatura sempre existiu, o que mudou foi a postura das editoras que
perceberam que há vida além do "romance teen sobrenatural" e que uma
hora esse público cresce e precisa de outras coisas para ler, ou decide ser
eclético desde cedo. Quando as editoras perceberam, haviam opções de qualidade
prontas para entrar no jogo. O Brasil sempre teve ótimos escritores de Ficção
Científica (Jorge Luiz Calife, Carlos Orsi Martinho, Gerson Lodi-Ribeiro), mas
o momento não era propício. Agora a coisa parece começar a mudar. Ainda estamos
distante do ideal e "Filhos" tem uma função relevante aqui, ou assim
espero, que é a de mostrar que podemos ser comerciais e relevantes ao mesmo
tempo. A Fantasy percebeu isso. Agora é a hora dos leitores fazerem a parte
deles. Só produtos de qualidade sobreviverão e quem determina isso é o leitor!
O Refúgio Nerd - Você vive a muitos anos fora do país,
quando vai as livrarias, qual a referencia de literatura brasileira que você
encontra?
Fábio Barreto - Só vejo Paulo Coelho por
aqui. Ele foi o único que quebrou a barreira. Outros precisam vir, logo!
O Refúgio Nerd - Como todo leitor, em nossa cabeça leio
vendo o livro como um filme, “Filhos do Fim do Mundo” tem um trabalho
psicológico fantástico, porém em termos de efeitos especiais não há nada que extrapole o poder de criação digital,
em resumo, o custo para produção de uma adaptação do livro seria relativamente
baixa, e sabemos que você é cineasta, já recebeu alguma proposta adaptar o
livro para um roteiro e cinema? Tem planos para tal?
Fábio Barreto - Tenho planos de adaptar
para o cinema ou TV, sim. Mas, novamente, boas vendas vão decretar o futuro
desses planos. "Filhos" tem bastante potencial audiovisual e adoraria
dirigir uma série de TV ou um longa. Ele seria caro, mas nada exageradamente
milionário. Há meios de fazer muitas das cenas a custo baixo e já tenho muitas
soluções prontinhas aqui. Basta alguma proposta chegar!
O Refúgio Nerd - Há uma pessoa que sem dúvida vem mudando
o cenário brasileiro, por ser o louco a cogitar o até então desconhecido George
Martin para a “Leya”, depois assumindo a frente no selo “Leya - Casa da
Palavra” e por fazer parte dos sonhos de escritores maravilhosos e ajudar a
concretizá-los, você acha que ele é o inicio de uma mudança definitiva na
cultura brasileira?
Fábio Barreto - Difícil dizer que algo é
definitivo, mas confio muito na visão do Draccon para o selo Fantasy e nosso
posicionamento de mercado. A presença dele foi um dos fatores que me fez
escolher a Fantasy como editora para "Filhos". Ele está apontando o
caminho em meio à tempestade, mas quantos vão seguir essa direção em vez de continuar
tentando encontrar seus próprios caminhos? Só o futuro vai dizer. O Draccon
segue um conceito sólido, sabe o que está fazendo e escolhei um time bom demais
para iniciar os trabalhos. Com o apoio da Casa da Palavra, ele tem tudo para
solidificar essa mudança. O mercado brasileiro precisa desse sucesso e, se
alguém é capaz de entregar, esse alguém é o Senhor do Éter!
O Refúgio Nerd - Nós tivemos a oportunidade de ver Harry
Potter em uma abertura de Olimpíadas, sendo citado como orgulho de uma nação,
hoje temos livros de fantasia como “Fios de Prata” sendo lançado em outros
países, temos “Filhos do Fim do
Mundo” extremamente bem colocado em
vendas pela Apple store, o jovem já lê hoje muito mais do que a dez anos atrás,
o público que lê Harry Potter, LOTR, Nárnia, Pathfinder e muitos outros
invariavelmente vai acabar lendo as obras de fantasia de vocês, o que você acha
que falta para que essas obras nacionais virarem referência mundial como estas
obras antes relacionadas?
Fábio Barreto - Complicado apontar o que
falta. Estamos fazendo a nossa parte, publicando livros e batalhando. Talvez
maior envolvimento dessa geração com as temáticas trazidas pelos autores
nacionais? Talvez um amadurecimento tanto de autores quanto de leitores? Talvez
um "Harry Potter" nacional, sem plágio, claro? Muitas variáveis.
Olhando de longe, como estou fazendo nesse momento, diria que falta aquele
sentimento de orgulho que temos com o futebol ou com a música. Brasileiros
defendem os jogadores e brigam quando alguém não gosta da música que ele gosta,
mas quando chega na hora da literatura. Quem recomenda um livro nacional? Quem
faz isso para um estrangeiro? O livro nacional é analisado como se tivesse
obrigação de "ser obra-prima, ou não presta". Nem tudo que americanos
escrevem é bom, mas eles dominam o mercado mundial mesmo assim. Podemos fazer o
mesmo.
O Refúgio Nerd - Por último, você teve uma apresentação
singular em seu livro feita pelo Juras,
um prefácio sensacional do Solano, agradecimentos bem completos feitos por
você, então sabemos o quanto essa obra foi cuidada com carinho e bem recebida,
que recado você gostaria de deixar para aqueles que leram seu livro mas não têm
a oportunidade de conhecer o Barreto por trás das páginas ?
Fábio Barreto - rs. Bem, sou apaixonado pela escrita, deixo a emoção me guiar, me apaixono por cada livro dos meus ídolos, leio para minha filha todas as noites e acredito que a Educação pode melhorar o Brasil. Mas não sou político, sou escritor. Escrevo na esperança de que mais gente leia (qualquer livro, eu só fiz um, há milhares de outras opções!), acredite na força transformadora das páginas da literatura. Elas me mudaram e elas podem mudar você! Acredite nisso!
Fábio, muito obrigado pela entrevista, mais uma vez
parabéns por todo trabalho que vem apresentando, muito sucesso para você, muita
saúde e paz. Obrigado e até o próximo livro!
- Van Vento -
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